A sala no Centro Cultural de Alfena foi pequena para acolher, no dia 22 de abril, todos os moradores do lugar do Outeiro, em Alfena, Valongo, que queriam ficar a conhecer um estudo que estava definido para o local onde moram, alguns há 60 anos. A Junta de Freguesia de Alfena rejeita qualquer intervenção “no miolo do Outeiro, uma zona que está consolidada” e acusa a Câmara de Valongo de “ditadura municipal”.
A reunião surgiu na sequência de uma moção aprovada, por unanimidade, na última assembleia municipal de Valongo, que lamentava o comportamento da Câmara de Valongo que, há seis meses, “se recusa prestar esclarecimentos à junta de freguesia sobre as alterações de trânsito que está a propor para o local”.
“Depois de arrancada a ferros”, como referiu o presidente da junta de Alfena, Arnaldo Pinto Soares, a Câmara Municipal de Valongo enviou dois técnicos para explicarem o Estudo de Reordenamento Viário das Ruas da Serra Amarela, Outeiro, Alexandre Herculano, Primavera e Travessa da Serra Amarela. Alegando a necessidade de resolver problema de segurança e o crescimento desordenado, o estudo colocava a maioria das ruas com sentido único e com saída pela travessa da Serra Amarela e propunha ainda o alargamento da rua da Serra Amarela.
Os moradores falaram, reconheceram a necessidade de uma intervenção, apresentaram as suas preocupações e algumas soluções, entre elas, a construção de uma variante. Amadeu Dias, que ainda quer reconstruir a casa, disse não entender o que lhes passou pela cabeça, aos técnicos, para “acabar com o que é antigo”. “Era o mesmo que chegar agora ao centro histórico do Porto e acabar com ele”.
A ideia da construção de um novo acesso foi também defendida pelo autarca de Alfena, que rejeita qualquer intervenção “no miolo do Outeiro, uma zona que está consolidada”. “É uma ideia completamente irrealista que eu ando a querer discutir há mais de cinco meses”. “O 25 de Abril não é esta ditadura municipal que vivemos. Nós também fomos eleitos e vivemos em democracia”, salientou Arnaldo Pinto Soares, lamentando “o corte das relações de confiança com a câmara”.
O presidente da câmara de Valongo ouviu, deu razão ao presidente da junta, desculpabilizou os técnicos, “que só querem ajudar” e assumiu total responsabilidade, garantindo não querer prejudicar ninguém e que só quer “fazer as coisas dentro da legalidade”, afirmou José Manuel Ribeiro.
Ao que o presidente da junta respondeu dizendo que “nunca” se dirigiu aos técnicos, sempre tentou, desde outubro, obter esclarecimentos junto do presidente da câmara. “Quem errou foi o senhor que não me respondeu no tempo adequado e esta não é a única atitude, não foi um só pedido que ficou sem resposta. Façam o favor de nos ouvir porque estamos aqui para ser parceiros”, concluiu Arnaldo Pinto Soares.